segunda-feira, 3 de junho de 2013

OBESIDADE X MICROBIOTA

  Você sabia que uma microbiota não saudável pode atuar sobre o ganho de peso? 
Já há algum tempo tem se falado nesse assunto e 


 ano passado, no II Curso de Obesidade e Cirurgia Bariátrica do Hospital das Clínicas de São Paulo, uma das palestras que  mais chamou atenção foi a que abordou  o tema : OBESIDADE X MACROBIOTA. Por que esse interesse?  Bem, o assunto que vem  recebendo muita atenção em congressos mundiais de Nutrologia e Nutrição, devido  a associação que tem feito alguns estudos científicos   da microbiota intestinal ao estado inflamatório que ocorre na obesidade. E como a obesidade é uma grande preocupação mundial, visto que tem aumentado significativamente, independente da cultura a que o indivíduo esteja integrado, a associação dela à microbiota é,  no mínimo, intrigante.
Royalty-free Illustration: Obese mans colon artworkTambém se parte da premissa de que  diversos procedimentos   para se tratar a obesidade podem ter respostas diferentes mesmo em indivíduos com características física e culturais semelhantes. Isso sugere que outros mecanismos que não relacionados ao genoma humano estejam envolvidos na patologia da
obesidade.  
Mas, existe alguma relação a obesidade com a microbiota intestinal ?    
A microbiota intestinal, também conhecida por flora intestinal, abriga de 10 a 100 trilhões de microorganismos, e seu maior número se encontra no cólon.  
A função da  microbiota intestinal,  além de auxiliar o processo da digestão de alimentos e monitorar o crescimento de bactérias patogênicas,  é o de propiciar força para o organismo estocar energia nas células . Em adultos saudáveis ,  80%  da microbiota fecal identificada pode ser classificada em 3 filotipos (espécies de microorganismos)    dominantes : Bacteroidetes,  Firmicutes e  Actinobacteria. 

Figura 3

Uma evidência laboratorial obtida pela Universidade de Washington - USA,   mostrou
que a composição da microbiota pode ser diferente em humanos magros e obesos e isso reforça a hipótese da influência da microbiota na fisiopatologia da obesidade. Os últimos resultados da  pesquisa na mesma universidade americana indicaram que um simples desequilíbrio entre as populações de algumas bactérias intestinais pode causar obesidade. E essa constatação foi reforçada pela diferença percebida entre a microbiota de humanos obesos e magros, uma vez que a absorção de alimentos varia de acordo com a microbiota de cada indivíduo, e ela pode determinar a quantidade de calorias armazenada, o que nos leva a crer que há variação de pessoa para pessoa nessa armazenagem. 

Royalty-free Illustration: Obese womans intestines artworkPara confirmar  se havia mesmo algum elo entre essas taxas discrepantes e o excesso de peso, os voluntários obesos foram submetidos a uma dieta hipocalórica e como resultado perderam em torno de 25% da massa corpórea e tiveram a quantidade de firmicutes diminuídas e de bateroidetes aumentadas - aproximando-os dos dados do grupo de magros. Ainda dentro dessa pesquisa americana, verificou-se num comparativo feito com 12 voluntários obesos  contra outros cinco magros cuja maioria das bactérias presentes nas amostras  de ambos os grupos era de firmicutes e bacteroidetes, porém, nos obesos a quantidade de firmicutes foi 20% superior do que nos voluntários magros e 90% a menos de bacteoidetes também em relação a eles.

Em outro estudo feito em  ratos, verificou-se que aqueles que tinham microbiota engordavam muito e rapidamente, o que não aconteceu com aqueles que foram criados livres de bactérias intestinais.  Apesar  desse estudo não ter chegado a uma comprovação definitiva,  ele indica que esse é um caminho de estudo  para se  entender e combater o excesso  de peso, uma vez que é sabido que mudanças na dieta podem alterar nossa microbiota.  


good bacteria
Lactobacillus acidophilus
A suplementação com prebióticos, definidos como compostos não digeríveis, mas fermentáveis, que atuam beneficamente sobre  o hospedeiro, por estimular seletivamente o crescimento de determinada espécie ou de um número limitado de espécies de bactérias no cólon , traz resultados,  desde que feita de maneira regular. 


No caso da ingestão de fibras dietéticas, não fermentáveis não tem a mesma eficácia dos probióticos, sendo atribuídos apenas às fibras prebióticas.  
Royalty-free Image: Male diversityApós esses estudos, podemos dizer que a relação entre OBESIDADE X MACROBIOTA está cada vez mais clara, mas existem mecanismos a serem esclarecidos  e estudos  suplementares são necessários para comprovação do efeito dos pró/prebióticos . O principal desafio, atualmente, está em identificar bactérias benéficas que ajudem no controle da obesidade e desordens metabólicas relacionadas. 


A Moryba disponibiliza o trabalho "Microbiota Intestinal e sua Possível Relação com a Obesidade" Nutr. Alessandra Rodrigues  na página Trabalhos Científicos desse blog (http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=8068440953965015579#editor/target=page;pageID=6826226877663211887) Trabalho 7.



Grande abraço !
Equipe Moryba



Fonte:
1) Microbiota Intestinal e sua Possível Relação com a Obesidade
Alessandra Rodrigues – Nutricionista, especialista em nutrição clínica pelo GANEP; Mestre em ciências  da saúde pela FMUSP e nutricionista colaboradora do grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do HC/FMUSP
. Revista Abeso,ano XI,número 53,pág.5-7,outubro de 2011.
5) The Firmicutes / Bacteroidetes ratio of the human microbiota changes with age - D.Maria, O Firmesse, F Levenez, VD Guimarães, Soko, J.Dore, G Corthier and J-P Furet, BMC Microbiology, 2009, 9:123 do 10.1186/1471-2180-9-123



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